quarta-feira, 30 de julho de 2008

Manuela

Manuela não entende. Manuela ainda espera. Manuela ainda sente. Pobre moça inoscente.
Manuela se entrega. Manuela não se nega. Manuela ainda quer. Tem um desejo qualquer.
Manuela ainda chora. Manuela implora. Manuela namora a ilusão que tiver.
Ah Manuela, menininha mulher, só não aprende porque não quer.
Manuela acredita. Manuela não evita. Manuela nem cogita desamar.
Manuela gosta. Manuela encosta. Manuela aposta num falar, numa voz.
Manuela confia. Manuela recria. Para Manuela não havia um algoz.
Manuela é intensa. Manuela nem pensa. Recompensa quem a fere.
Por isso, Manuela, não me admiro que ainda espere.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Flagrante da Criação


Louíse acabou de surgir em mim, sua mente ferve e não me deixa terminar nada, diante disso, apresento-lhes a obra Fragmentos, talvez um dia termine algum deles...


Quando não se tem nada pra fazer é que surgem as idéias mais mirabolantes, mais esquisitas, mais malucas. O que uma pessoa que está acostumada a não ter tempo nem pra ir ao banheiro faz quando não tem nada pra fazer?
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É como se a rotina, o dia-a-dia de afazeres interminaveis encobrissem aquelas abobrinhas que teimamos em remoer de vez em quando, mas que a falta de tempo não permite que elas tomem forma...
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...de repente o tédio faz aflorar um impulso criador...
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Depois de anos aprendendo a fazer textos e redações argumentativas, impessoais, em prosa, usando linguagem culta e terceira pessoa, eu (ai como é bom escrever 'eu' ) estou tendo uma certa dificuldade em achar a minha pessoa, ou seja, eu (eu, eu, eu, eu, eu \o/ hahaha, aqui você não me pega, Ange!)
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Quem é a terceira pessoa?
eis a questão!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Um pedido

Elas saíram de casa. Foram caminhar. Uma delas tinha um objetivo. Sim, ela falaria com ele. Tinha vergonha, é claro, mas precisava fazer isso. Precisava fazer uma pergunta, acabar com essa dúvida cruel que a consumia. Já não comia direito há dias devido a ansiedade. Elas conversavam e andavam sem rumo pela cidade, quando em meio às gargalhadas perceberam que estavam próximas do lugar.
- Vamos lá! - disse uma delas - é agora ou nunca!
- Não, eu não quero mais ir!
- Vai sim - disse a outra - Você precisa resolver isso logo e se livrar dessa agonía.
- Tá! Mas não agora! Vamos dar mais uma volta... - resistia.
- Agora sim! Já estamos aqui e vamos em frente, com ou sem você!
- É! E nós falaremos com ele se você não falar! Vamos!
- Não!! Eu falo...mas eu tenho medo...
Elas foram devagar, devido a resistencia da outra. Estavam a menos de uma quadra do local. Pararam na esquina. A ansiedade da garota era tanta que já havia tomado conta das outras também.
- Ai sério... não quero mais!
- Não tem não quer.
- Você já sabe o que vai falar pra ele?
- Sei...não, não sei...na hora eu improviso.
- Então vamos!
- Não!!! Espera mais um pouco. Eu não sei o que falar. Me ajudem.
- Você não disse que improvisava?
- Disse, mas eu não vou conseguir...o que vocês acham que eu devo dizer?
Gastaram mais uns dez minutos escolhendo as melhores palavras. Ela repetia... uma, duas, tres vezes. Pensaram também nas possibilidades de resposta que ele poderia dar e o que fazer em cada caso. Ela decorava tudo. Amigas previnidas valem por duas.
- Pronto, agora você já sabe o que falar, vamos indo.
- Será que ele está lá? Olha! Tem gente lá na frente! É ele aquele?
- Onde?
- Aquele de boné! Ai gurias...
- Não... acho que não. Vamos!
Elas foram. Passo a passo. O clima de tensão no ar era quase palpável. Ela ainda resistia, mas a essa altura as amigas estavam a ponto de empurrá-la se cogitasse a hipótese de desistir.
Então chegaram. O plano era olhar as vitrines da loja como quem não quer nada.
- Estão vendo ele? Ele não tá aí...
- Claro que tá, e ele já te viu.
- Onde? Eu não vejo nada! Ai meu deus.
- Calma, acho que ele ta falando no celular... vamos pra outra vitrine.
- E agora? Estão vendo? Eu não posso olhar! Ai que vergonha!
- Ai perdi ele de vista, calma... achei! É, ele ta no celular. Tá olhando pra cá.
Ela respirou fundo, como quem busca os últimos resquícios de coragem. Então virou e sorriu.
Ele sorriu de volta e acenou. Ela fez um gesto com a mão e, através do vidro, indicou que queria conversar com ele.
Ele saiu da loja, ainda estava ao telefone. Ela tremia, cruzou os braços pra disfarçar. Ambos parados na entrada. Estava ansiosa, não contava com o imprevisto do telefonema. Queria falar logo e ir embora. Mas esperava, e isso a deixava mais nervosa. Esperava com os braços cruzados, fingindo olhar alguma peça interessante na vitrine ao lado, da qual provavelmente nem lembraria. Olhou para ele novamente. Sorriram. Ele falava alguma coisa sobre uma festa, onze horas...ela não se deteve a conversa. Por fim desligou.
Cumprimentaram-se com um beijo no rosto.
- Vim te ver né...você sumiu... - ela podia sentir as faces rubras.
- É...sumi...- sussurrou envergonhado - é que eu não tava muito bem...
- Eu queria falar com você sobre uma coisa que você me disse sábado - gaguejou um pouco apesar de ter decorado - Você me apresentou pro teu amigo como tua namorada, lembra?
- É...eu disse...
- Então...eu quero saber se você tava falando sério ou era brincadeira? - disse, ainda com os braços cruzados.
- Pois é...- respondeu ele após alguns segundos que para ela pareceram uma eternidade - temos que ver né...- continuou após coçar a nuca e dar um sorriso nervoso - ... temos que conversar...
Ela forçou um riso, esperava mais, muito mais. Não disse nada, apenas o olhou como quem acabara de ser desiludida. Só agora havia notado a quantidade de sardas.
- Você vai ta aí essa semana? - perguntou ele, para evitar o silêncio - Eu te ligo...pra gente sair e conversar mais um pouco.
- Sim...
- Sábado! Pode ser? Ah não... sábado eu vou trabalhar a noite toda...mas essa semana...uma noite... eu te ligo ta?
- Tá...- já havia escutado essa mesma conversa antes, deu um último sorriso automatico, quase que sem graça - é que eu precisava saber...
Despediram-se com um beijo no rosto.

sábado, 26 de julho de 2008

ode a uma vontade

Como eu tive um impulso e excluí o antigo l'excessive, acabei perdendo aquela introdução caprichada que eu tinha sobre os excessos, aliás, são tantos que não cabem em mim. Por isso e para compensar mais um desses excessos, esse mais definível por impulso, é que coloquei aqui, justamente uma explicação do caso.

. Impulsos
constrangem-me esses impulsos
ah impulsos, de onde vêm?
aproveitam meus descuidos
e aparecem assim tão bem

envergonham-me esses impulsos
quantas vontades ainda têm?
antes ficassem mudos
mas falam por mim também

usam-me esses impulsos
estão a procura de alguém?
sentimentos tão profundos
agora já não convém

controlam-me esses impulsos
querem o quê ou a quem?
de mim não farão mais uso
não digam mais nada a ninguém!

movem-me esses impulsos
fazem acontecer
ignoram o que eu recuso
e assim obrigam-me a viver...